Entre as crianças com menos de cinco anos, 3,37% apresentaram obesidade grave

Levantamento revela que incluir ao cardápio alimentos muito calóricos favorecem à obesidade precoce

Os índices de estudantes com risco de sobrepeso, com sobrepeso e obesidade na rede municipal de Ensino de Piracicaba preocupam. Levantamento realizado pelos Programas de Alimentação e Nutrição (Cpan), durante o ano de 2014 e divulgado nesta terça-feira (8), àGazeta, aponta que entre as crianças com menos de cinco anos de idade, 3,37% apresentaram obesidade grave. Já entre as maiores de cinco anos de idade, o índice é de 6,03%.
Quando o assunto é obesidade, os dados são de 8,15% e 11,6% entre crianças menores de cinco anos de idade e maiores de cinco anos de idade, respectivamente. A pesquisa de avaliação antropométrica será novamente realizada neste ano, nas mesmas instituições de ensino – são 55 escolas e um universo de 5.654 estudantes.
O estudo contou com a colaboração de 11 profissionais, que foram orientados pela coordenadora do Cpan, Márcia Cardoso. A iniciativa faz parte do programa Piracicaba com Saúde: é hora de comer melhor, lançado em 2011. O objetivo é promover a alimentação saudável e prevenir a obesidade infantil por meio da formação e atualização de profissionais das áreas da Saúde e da Educação.
“Em 2015, foram inúmeras as atividades que envolveram diferentes profissionais. Atuamos em 80 instituições de ensino e atingimos de forma efetiva um considerável número de pessoas entre profissionais, crianças e seus familiares”, diz Márcia.
Complicações
A obesidade infantil pode afetar a saúde da criança de diversas formas. A depressão é comum e, quando associada à baixa autoestima, pode dificultar o relacionamento social da criança.
Além disso, a obesidade infantil tende a se estender para a vida adulta: até 70% das crianças que chegam à adolescência obesas se tornam obesas pelo resto da vida. Os problemas cardiovasculares e respiratórios se iniciam na infância e podem se agravar com os anos.
A quantidade de gordura corporal total e os depósitos localizados de gordura estão associados ao desenvolvimento de várias doenças degenerativas crônicas, tais como arterosclerose, doença coronariana, hipertensão e diabetes melito.
Programa
Por meio da iniciativa, 200 professores, recém-contratados, foram capacitados e receberam informações sobre alimentação saudável no mês de janeiro do ano passado. Em março, foram capacitados 160 docentes. Estes receberam informações sobre o Novo Guia Alimentar para a População Brasileira.
Os pais também foram envolvidos e participaram de palestras educativas – foram 49 palestras que abrangeram mais de cinco mil pais e familiares. “Ainda em 2015, as escolas ficaram responsáveis por desenvolver ações educativas sobre o tema Redução do Consumo de Alimentos Industriais”.
Percentual tem crescimento
De acordo com o levantamento realizado pelos Programas de Alimentação e Nutrição (Cpan), os índices de obesidade cresceram, em Piracicaba, nos últimos quatro anos. Em 2010, 21,77% das crianças com menos de cinco anos apresentam risco de sobrepeso. Em 2014, eram 24,67%.
O esperado era de 15,9% das crianças. Já com sobrepeso, 7,05% dos alunos se encaixavam na categoria, em 2010. Quatro anos depois, o índice era de 8,15% e o esperado era 2,3% do público nesta faixa etária. Por fim, os obesos eram 3,38% e passaram para 3,37% no período – o aceitável é 0,1%.
Entre as crianças com mais de cinco anos, o resultado é ainda mais preocupante. Em 2010, eram classificadas com sobrepeso 17,75% das crianças. As obesas respondiam por 7,17% e com obesidade grave, 4,69%.
Quatro anos depois, os índices saltaram para 18,5% (sobrepeso), 11,66% (obesidade) e 6,03% (obesidade grave). O esperado eram índices de 15,9% (sobrepeso), 2,3% (obesos) e 0,1% (obesos graves).
Nutricionista orienta escolas
Para a nutricionista Riana Larissa Viegas, que atua com alimentação escolar, a cozinha de uma escola deve funcionar com organização do trabalho, uma ótima higiene e alimentos de boa procedência. O cardápio deve ser composto por alimentos saudáveis, como frutas, verduras, carnes, leites e o uso de alimentos gordurosos, como frituras, carnes gordurosas e doces deve ser evitado.
“O que não pode faltar na merenda escolar são os alimentos energéticos, que dão energia para nosso corpo e contêm carboidrato como arroz, pão, macarrão, batata, entre outros. Os alimentos construtores também são fundamentais. São responsáveis pelo crescimento e contêm proteína, como carne, leite, ovo, feijão e peixe”, revela Riana, que acrescenta. “Os alimentos reguladores também são importantes para as funções do nosso corpo e contêm vitaminas e mineral, como as frutas e verduras”.
Quanto melhor a alimentação, ela possui mais nutrientes, fitoquímicos (vegetais) e antioxidantes. “O índice de obesidade tem crescido muito nos últimos anos. Isso por conta do estilo de vida das pessoas, que mudou drasticamente. Falta atividade física entre as crianças. Antes, elas jogavam bola na rua, hoje, é o computador e videogame”, diz.
FONTE: Gazeta de Piracicaba