Despesas com alimentação, lazer e até com TV a cabo foram reduzidas

No controle: Sara Reis estabelece prioridades, como a pós-graduação e o convênio médico

Reflexo da atual crise econômica, piracicabanos estão tendo que lidar diariamente com a inflação elevada, produtos e serviços mais caros e altas taxas de juros. Na tentativa de diminuir os custos e reorganizar o orçamento doméstico, a gestora de atendimento Sara Reis, de 28 anos de idade, cortou os gastos com balada e lazer.
“Todos os meses faço um levantamento das contas a pagar. Priorizo a pós-graduação, o convênio médico e o cartão de crédito. Se sobrar dinheiro, gasto com baladas ou lazer. Sempre foi assim. Mas diante da atual situação econômica, desde fevereiro estou me regrando mais”, conta. “Baladas ou encontro com os amigos só uma vez por mês. Antes, saía quase todos os finais de semana”, acrescenta.
E ela não é a única. Desde dezembro de 2015, quando foi demitida de uma multinacional instalada em Piracicaba, Fibian Quadros Moraes, de 27 anos de idade, teve que readequar o orçamento doméstico. O primeiro corte? Os gastos com roupas.
“Nunca gastei absurdos, assim como não usava o crédito nestas situações. Desde o ocorrido, os cuidados redobraram”, conta Fibian, que complementa: “A situação está realmente complicada. Já me candidatei para muitas vagas, mas as empresas não mandam nem agradecimento”.
Uma pesquisa feita pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), em parceria com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), investigou quais são as consequências da crise financeira na vida dos consumidores e mostra que os impactos são inegáveis no bolso: 80,4% afirmaram sentir aumento na conta de luz e 69,1% nas compras mensais de supermercado. Estas também são as despesas que tiveram os maiores aumentos, com cerca de 33% a 27% de aumento médio na conta nos últimos seis meses.
Ainda segundo o levantamento, a crise econômica tem feito com que os brasileiros alterem seus hábitos de consumo. Os gastos que mais sofreram cortes foram os com lazer (41%), com roupas e calçados (39%) e com alimentação fora de casa (27,5%).
Mudanças
O assessor de imprensa, Lucas Lourenço, de 33 anos de idade, deixou de almoçar em restaurantes. “Passei a trazer comida para o trabalho. Além disso, saio menos com os amigos. Ainda não fiz as contas exatas, mas já percebi uma aliviada no orçamento apenas com o corte de gastos com as refeições feitas fora de casa”, diz ele, que, apaixonado por quadrinhos, também abriu mão da compra de gibis.
A protética Adriana Tayar Fidelis, de 43 anos de idade, diminuiu os gastos com roupas e lazer. Mudou o plano de celular, o de televisão por assinatura e tem optado por marcas mais acessíveis nas compras de supermercado. Já a advogada Vera Marcia Prado Ereno optou por cortar custos no salão de beleza e nos restaurantes. “Em relação às roupas, compro com valores mais acessíveis”, diz.
A empresária Vera Scudeleiti foi além: com o novo cenário econômico, tem a intenção de ficar sem comprar supérfluos por um ano.
Pesquisa
A pesquisa do SPC Brasil entrevistou 804 consumidores acima de 18 anos de idade, de ambos os gêneros e de todas as classes sociais. A margem de erro é de, no máximo, 3,5 pontos percentuais para um intervalo de confiança a 95%.
FONTE: Gazeta de Piracicaba