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A música representa a expressão de todo um povo e pode retratar em suas composições tanto a felicidade quanto a tristeza, tanto a esperança quanto o lamento.

Os ritmos musicais fazem parte da história e da cultura de toda uma geração e é justamente para fazer um resgate dessas tradições que alunos da Escola Municipal Fábio de Souza Maria, no bairro Perdizes, em Piracicaba, vêm aprendendo sobre um ritmo muito presente na música piracicabana: o cururu.

Ao som de violões acompanhados de palmas, que marcam o ritmo mais presente na música caipira, o grupo composto por 25 estudantes, com idades entre 10 e 11 anos, se apresentou durante toda esta semana no pátio do colégio, tendo como plateia os próprios colegas e professores.

Tocando e cantando canções conhecidas — como Rio de Lágrimas, de Lourival Santos, Piraci e Tião Carreiro, e Hino de Piracicaba, de Newton de Mello — eles contaram um pouco mais sobre o ritmo e sobre as influências dessa cultura para a cidade.

Da história por trás de nomes como Antônio Cândido, o Parafuso, a estrofes que compõem o Hino de Piracicaba, eles fizeram um resgate do ritmo e da originalidade do cururu.

Depois de mais de três meses de envolvimento com pesquisas e ensaios, intensificados na última semana, o resultado não poderia ser diferente: sucesso, tanto entre os pequenos músicos quanto junto aos estudantes que assistiam às apresentações.

“O cururu faz parte da história da nossa cidade. Antes, havia a dança, as belezas do nosso rio, que hoje está em situação crítica, mas mesmo assim ainda temos muitas outras belezas que devem ser lembradas, por isso cantamos”, disse a estudante Maria Eduarda Nunes.

Ela contou que Parafuso foi assim chamado porque além de cantar o cururu, sua dança fazia lembrar o movimento de um parafuso. “Ele foi o maior cururueiro de Piracicaba.”

Para ela, foi muito bom participar do projeto, desde a pesquisa até a apresentação, conhecendo a história do ritmo. Vestida para a apresentação como uma típica pescadora, Vitória Matheus Rosa, 11, adorou participar do projeto.

Ela disse que, apesar da vestimenta, nunca esteve no rio para pescar, só mesmo para observar a corredeira, quando o manancial ainda era caudaloso. “Foi muito legal conhecer toda a história por traz do cururu. Estou vestida como os pescadores pois o rio é presente na maior parte dos versos. A gente quis lembrar todos os rios, lagoas e peixes de Piracicaba.”

Para Mariana Araújo de Souza, 10, participar do projeto foi também conhecer um pouco mais sobre a história da sua família.

O avô de Mariana era cururueiro e sempre contava histórias. “Às vezes em casa toco violão, mas não sei cantar, não tenho essa facilidade para as letras como meu avô.”

Responsável pelo projeto, a professora Gladys Josiane Eugênio, disse que o resgate do cururu para as novas gerações é também uma forma de homenagear Piracicaba pelos seus 247 anos, completados no dia 1º deste mês.

Segundo ela, o intuito do projeto era apresentar às crianças um ritmo presente na tradição local. “Eles receberam com muito carinho esse resgate cultural.”

Para Gladys, o projeto ainda precisa ser ampliado. A ideia é inserir a dança catira, que integra o cururu. Apesar disso, ela observa positivamente os resultados, acima do esperado. “Hoje eles sabem falar sobre o cururu e têm carinho mesmo por essa cultura, que é parte da nossa tradição caipira.”

O retorno das crianças durante o projeto também surpreendeu a direção do colégio. “Todos se envolveram, as crianças se interessaram muito. A cidade tem uma ligação forte com o cururu”, ressaltou a diretora Sandra Regina de Souza.

Ela destacou que tanto o projeto Cururu como outros desenvolvidos ao longo de 2014 no ambiente escolar, deverão integrar as apresentações culturais da instituição, previstas para o final deste ano.

FONTE: Danielle Gaioto / Foto: Amanda Vieira / Jornal de Piracicaba