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A quantia de impostos federais, estaduais e municipais desembolsada pelos cidadãos e empresas de Piracicaba atinge, neste domingo (21/09), a cifra de R$ 1 bilhão. O cálculo é feito pelo Impostômetro, ferramenta que é mantida pela Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo e mensura o peso da carga tributária para a o país.

De janeiro até este domingo, cada cidadão trabalhou para pagar algo em torno de R$ 16 mil.

Em um dia, a cidade arrecada uma média de R$ 3,7 milhões — que seguem para os cofres dos governos. Isso significa que, a cada segundo, mais de R$ 43 são retirados da economia corrente em forma de contribuições, taxas e tributos em geral.

No comparativo com o ano passado, a arrecadação de impostos subiu em torno de 12%. Já a quantia de R$ 1 bilhão foi antecipada em mais de um mês: em 2013, esse volume de recursos foi apontado no dia 28 de outubro, segundo o mesmo Impostômetro.

Para o professor do curso de Ciências Econômicas da Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba), Ivens de Oliveira, a arrecadação maior de tributos é contraditória se comparada ao ritmo da economia, que tem caído, com dois trimestres de queda do PIB (Produto Interno Bruto), o que deixou o país em recessão técnica.

“Tivemos um ano com nível de produção menor, com consumo menor, economia em recessão técnica e, do outro lado, uma arrecadação muito maior. Isso aponta que é preciso rever a carga tributária do país e confirma que ela precisa ser revista”, disse.

Ele comentou que o peso dos impostos tem prejudicado muito a atividade econômica, afetando a competitividade principalmente da indústria e desestimulando novos investimentos.

“Esse aspecto contraditório chama a atenção e mostra o quanto a carga de tributos interfere na capacidade de competitividade das nossas empresas. De toda forma, o governo insiste em manter uma política fiscal expansionista, com gastos elevados e, para que isso seja financiado, é preciso se obter mais recursos, o que se dá com uma maior arrecadação.”

Oliveira reforçou que é preciso uma avaliação mais aprofundada do nível de impostos pagos no país e que, enquanto o próprio governo não fizer uma reanálise do setor, haverá atrasos em relação à reforma tributária, que é tão necessária para o país.

A população, que espera o retorno dos impostos em serviços e atendimentos, reclama da falta de assistência na hora em que mais precisa.

“Bem que a gente queria ver um serviço de qualidade, mas o que vemos são só falhas. A saúde e a educação não funcionam como a gente gostaria e cada dia a gente vê aumentar esses impostos. Pesa no bolso mesmo”, disse a comerciante Cíntia Finotti, 36.

A dona de casa Roselene Margarete Toledo, 48, compartilha a mesma opinião. “A gente paga muito e vê cada absurdo acontecer. Precisa de mudanças nessa carga tributária, a gente tem esperança de que isso aconteça, mas vamos ver quem terá coragem para mudar alguma coisa. Enquanto isso, a população é a mais penalizada sempre”, afirmou.

INVESTIMENTOS — Com R$ 1 bilhão, segundo o Impostômetro, seria possível comprar mais de 12 mil ambulâncias equipadas ou 37 mil carros populares.

Na segurança pública, com esses recursos poderiam ser construídos cerca de 20 mil postos policiais equipados ou contratar 62 mil policiais por um ano.

Daria ainda para edificar 28.658 casas populares com 40 metros quadrados, contratar 75 mil professores do ensino fundamental por um ano ou pagar 1,4 milhão de salários mínimos.

Conforme o Impostômetro, seria possível comprar cerca de 500 mil televisores LED, 835 mil notebooks ou 911 mil geladeiras.

FONTE: Jornal de Piracicaba