Impulsionados em parte pela estiagem, que encareceu os custos de produção, os preços das carnes bovinas têm disparado no mercado nos últimos meses.
Em Piracicaba, os reajustes médios nos principais cortes variam entre 13% e 28% nos últimos 12 meses, o que supera em mais de três vezes a inflação do período, estimada em 6,97%.
A expectativa é de que os valores continuem em alta nos próximos dois meses, devido às festas de fim de ano, que reforçam a procura pelos cortes, sobretudo os mais nobres.
Entre as peças mais procuradas, a picanha, que no ano passado podia ser encontrada por uma média de R$ 30 o quilo, hoje já é comercializada por quase R$ 40.
O miolo da paleta, que custava menos de R$ 15, hoje é vendido por R$ 17, segundo comerciantes locais.
A alcatra, uma das principais opções para churrasco, também está pesando mais no bolso do consumidor: passou de R$ 23 para uma média de R$ 28 o quilo — variação de 21%.
O coxão mole, preferido pela dona de casa para bifes, foi de uma média de R$ 15 o quilo para cerca de R$ 20.
“Apesar de estarmos em um período considerado de entressafra, esse não é fator predominante para o encarecimento das carnes, o que tem acontecido mais pelos custos de produção que estão mais altos. A estiagem interfere, claro, mas há uma série de outros pontos que devem ser considerados, entre eles o aumento nos preços dos insumos e os impostos”, relatou o comerciante Nilton Roberto Puga.
O açougueiro Paulo Ubices Filho disse que a expectativa é de que os preços continuem subindo nos próximos meses devido ao final de ano.
Além dos cortes bovinos, os cortes suínos também estão em média 20% mais caros se comparados ao mesmo período do ano passado.
“A maioria do gado que temos é de confinamento. Não há gado no mercado para abate e, além disso, temos um encarecimento da produção devido à estiagem”, afirmou.
Quem vai às compras procura economizar para manter a carne no cardápio da família.
É o caso do aposentado Luiz Benedito Rafael, 63 anos. “Em geral, senti muito o encarecimento, mas não tem como deixar de consumir, é um alimento básico. Agora, o churrasco que costumava fazer no fim de ano vai ficar mais caro.”
PESQUISA — Puxado pela alta nos preços da carne, os custos do churrasco subiram em média 12,08% em outubro se comparados ao mesmo período do ano passado.
O índice leva em conta os principais itens consumidos neste tipo de confraternização, em pesquisa divulgada pela FGV (Fundação Getulio Vargas).
Das bebidas ao vinagrete, quase todos os alimentos ficaram mais caros.
O arroz, utilizado como acompanhamento do prato, subiu em torno de 9,6%, enquanto a maionese teve majoração de 12,19%.
A cebola e o tomate tiveram altas de 32% e 25% aproximadamente. Já a maionese subiu 10,45%.
No rol das bebidas, a cerveja ficou 8,34% mais cara e nem os refrigerantes e a água engarrafada escaparam dessas variações: subiram 8,82% no período.