small_2015-04-13-0008-01O sistema de transporte público de Piracicaba registra mensalmente 2,9 milhões de viagens.

Na média diária, os piracicabanos e moradores da região são transportados cerca de 100 mil vezes ao dia.

Jornal de Piracicaba fez um mapeamento da atual estrutura e funcionamento do transporte coletivo e mostra que, com uma população estimada em 388.412 habitantes (IBGE) e 226 ônibus em circulação, Piracicaba tem um ônibus para cada 1.718 pessoas.

Contando o horário de atendimento dos ônibus na cidade — das 4h50 à 0h10 — ao todo são, em média, 86 viagens por minuto ao dia.

Segundo dados fornecidos pelo diretor do Departamento de Transportes Públicos da Semuttran (Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes), Vanderlei Quartarolo, além das 2,9 milhões de viagens por mês, há o registro dos transportes feitos por meio do sistema de integração.

“Entre 800 mil e 900 mil viagens são registradas dentro do terminal, ou seja, são passageiros que não passam novamente pela catraca (do terminal ou do ônibus), porque fazem a integração”, disse.

De acordo com Quartarolo, diariamente, de segunda a sexta-feira, são registradas entre 90 e 100 mil viagens; aos sábados, 60 a 65 mil e, aos domingos, de 30 a 35 mil.

A reportagem do JP esteve no TCI (Terminal Central) no horário de pico, entre 17h30 e 18h30, e ouviu 30 usuários do transporte coletivo.

Os usuários avaliaram o transporte como bom (nove avaliações), regular (14) e ruim (sete).

Os principais problemas apontados foram: ônibus lotados, atrasos, falta de linhas e horários, condições precárias dos veículos e falta de higiene dentro dos ônibus.

“Entro no ônibus e sinto o cheiro de urina. Preciso esperar passar dois a três ônibus para conseguir entrar, pois eles passam lotados para o Cecap/Terra Rica. É uma disputa para conseguir um lugar”, afirmou a recepcionista Neide Marques, 53, que sai do trabalho às 18h e chega em casa às 19h20.

O sistema de transporte público de Piracicaba é operado pela empresa Via Ágil, que possui 251 ônibus — 226 ônibus estão em circulação e 25 na reserva.

Aos domingos operam 104 ônibus.

A idade média dos veículos é 3,5 anos e, de acordo com o contrato de concessão do serviço, a idade máxima permitida para um ônibus em circulação é de 13 anos.

“As trocas vão ocorrendo constantemente, de maneira a manter a idade média entre três e quatro anos”, afirmou Quartarolo.

Dos 30 entrevistados pelo JP, oito relataram situações como ônibus quebrado, falta de campainha, assento solto e janela quebrada.

“Esses dias atrás, a campainha estava quebrada, eu estava lá no fundo, o ônibus cheio e comecei a gritar para o motorista me ouvir, pois eu tinha que descer no próximo ponto”, disse a auxiliar administrativa Neise Alberoni, 55.

Com relação a acessibilidade, a Semuttran informou que 95% da frota é adaptada e que o Projeto Elevar, que oferece transporte porta a porta, possui 12 veículos.

No total, 500 motoristas atuam no transporte público, sendo apenas 28 mulheres.

ATRASO E LOTAÇÃO – A professora Glaucia Berto, 40, e a atendente Tânia Silva, 49, utilizam diariamente o transporte coletivo e reclamaram dos atrasos das linhas.

“O ônibus é para chegar às 18h03 e sempre aparece às 18h20”, informou Tânia.

“Já cheguei atrasada no trabalho”, disse Glaucia.

Segundo o secretário de Trânsito e Transportes, Jorge Akira, atrasos ocorrem devido a situações pontuais como acidentes, quebra de veículos e temporais.

“Com a futura implantação dos corredores preferenciais nos principais trajetos haverá acompanhamento dos ônibus em tempo real, o qual deverá minimizar significativamente os atrasos”, informou.

A estudante Shirley Aguiar de Souza, 15, enfrenta todos os dias a lotação no ônibus, assim como o também estudante Sérgio Pinheiro Júnior, 21.

Após um dia exaustivo de trabalho, Pinheiro volta da faculdade às 22h pela linha Perimetral, sempre em pé no ônibus lotado.

“E são 40 minutos para chegar em casa”, afirmou.

De acordo com Akira, as linhas são programadas para que a oferta de viagens atenda a demanda de passageiros, no entanto, podem ocorrer problemas mecânicos nos veículos de determinada linha.

“Também pode haver interesse de um grupo de passageiros naquele momento pelo ônibus de um determinado horário e o carregamento fique acima da capacidade normal”, relatou.

DE UM LADO PARA O OUTRO – Os horários considerados de pico são das 5h às 9h e das 15h às 19h.

Ao todo, 98 linhas estão em operação sendo 88 linhas urbanas e dez linhas rurais.

As linhas 0322 (Novo Horizonte – TCI), 0210 (Unileste – TCI), 0223 (Jardim Oriente – TCI) e 1100 (Perimetral) têm o maior número de passageiros em horário de pico.

A demanda por linhas concentra-se nas regiões de Santa Terezinha (Vila Bessy, Vila Sônia, Boa Esperança, Parque Piracicaba e Parque Orlanda), do Jardim Novo Horizonte (Novo Horizonte, Kobayat, Santa Fé, Itapuã, Sabiás) e da Pauliceia (Monte Líbano, Itapuã, Vila Cristina, Parque dos Eucaliptos).

“São poucos os horários para o Bessy e os ônibus quebram direto, além de faltar motorista”, relatou a diarista Célia Regina Claser da Silva, 40.

De acordo com Akira, um transporte de qualidade depende de investimentos em infraestrutura, ônibus em boas condições e gestão eficiente do sistema.

“O governo municipal conseguiu financiamento do programa Mobilidade para investir em corredores e reforma de terminais de ônibus, onde certamente haverá um grande avanço e um melhor atendimento aos usuários do transporte coletivo em Piracicaba”, afirmou.

TRAJETOS LONGOS – O trajeto mais longo realizado por um ônibus público leva os passageiros do Terminal São Jorge até Tanquã (linha 815 Ibtiruna) em 90 minutos — 58 quilômetros de percurso.

Outra linha longínqua é a 813 Almeida, que percorre 38 quilômetros em 70 minutos, passando pelos bairros Serrote, Almeida, Capela São Sebastião.

Já a viagem pela linha 811 Anhumas, que sai do Terminal São Jorge dura 60 minutos ao longo de 37 quilômetros.

Jornal de Piracicaba