Nos dias 14,15 e 16 de agosto, Piracicaba recebeu o 4º Encontro Internacional de Montadoras, um evento que reuniu cerca de 80 dirigentes sindicais do Brasil e dos Estados Unidos.

A ameaça global aos direitos dos trabalhadores, as estratégias de combates em defesa da classe trabalhadora e o apoio à luta dos metalúrgicos da Nissan de Canton, no Mississipi (EUA), pelo direito de sindicalização e contra as práticas antissindicais da montadora, foram temas bastantes discutidos.

O Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Piracicaba e região, foi um dos mediadores do evento, juntamente com a UAW (United Auto Workers – Sindicato que representa os metalúrgicos nos Estados Unidos), Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM) e Força Sindical. As atividades foram desenvolvidas no Occitano Apart Hotel.

A cerimônia de abertura contou com a participação do secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Piracicaba e região, Wagner da Silveira, Juca; do tesoureiro do Sindicato, Hugo Liva; do secretário municipal do Trabalho e Renda, Evandro Evangelista; Mônica Veloso, vice-presidente da CNTM; Rafael Guerra, dirigente da UAW; Eliseu Costa, tesoureiro da Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo; representantes da UAW.

Miguel Torres, presidente da CNTM, participou do Encontro e debateu com os sindicalistas as maldades da reforma trabalhista. Miguel elencou pontos como: negociado sobre legislado, terceirização na atividade fim, extensão da jornada para além de 10 horas, férias parceladas em até 3 períodos, fim da obrigatoriedade da homologação nos Sindicatos, dentre outros. “Sabemos que o objetivo desta reforma é retirar e precarizar direitos, por isto temos que ir para a base, fazer assembleias, explicar as alterações do governo para os trabalhadores. É preciso mobilização”, disse Miguel Torres.

O secretário do Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo, José Luiz Ribeiro, também marcou presença no Encontro e ressaltou os trabalhos que vem sendo desenvolvido pela secretaria como alternativas na crise. “Vivemos um momento difícil, mas é preciso ampliarmos o debate e criar estratégias de combate, como também soluções para a manutenção e renda dos trabalhadores. Hoje o foco da nossa gestão está na qualificação com cidadania. Estamos também investindo forte no Time do Emprego e no Trabalho Decente”, destacou.

A representante da UAW, Virginia Carghlin (Ginny), compartilhou algumas experiências vividas nos Estados Unidos, e ressaltou que em todo o mundo os trabalhadores estão com os direitos ameaçados. “O ataque aos direitos trabalhistas está sendo conduzido por um ataque global.  O Brasil é o único país democrático onde a negociação coletiva é obrigatória. Nos Estados Unidos, apenas 10% tem direito a representação sindical e negociação coletiva”, disse.

Durante o Encontro, temas como “Engajando trabalhadores no chão de fábrica e comunidade” foram expostos por George Roberts, Skipp, (representante da UAW), Reginaldo Faria (Sindicato de Anápolis) e Paulo Pissinini (Sindicato de Curitiba).

Já os temas Políticas Industriais nos Estados Unidos e Brasil foram explicados por Chris Schwartz (representante da UAW), que ressaltou a dificuldade de sindicalização no país. “Existem mais de 100 mil trabalhadores americanos não sindicalizados”, comentou.

Para José Florêncio da Silva, Bahia, presidente em exercício do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Piracicaba e região, “O sistema de sindicalização nos Estados Unidos é muito diferente do Brasil e estarmos dividindo estas experiências é muito enriquecedor”, disse.

Mônica Veloso, vice-presidente da CNTM, falou sobre a necessidade de o sindicalismo se comunicar melhor com os trabalhadores, não só nas fábricas, mas em outros espaços sociais (bairros, igrejas, lazer, esporte e cultura), valorizando os trabalhadores de forma ampla. “O Sindicato é um instrumento de transformação, para a vida do trabalhador e da sociedade em que ele está incluído. Nossa vontade de mudança, começa por mim e precisa incluir todo mundo”, destacou.

Segundo Hugo Liva, tesoureiro do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Piracicaba e região, “Os Sindicatos devem buscar parcerias fora das entidades sindicais e novas ferramentas que possam contribuir para a melhora no dia a dia dos trabalhadores”, comentou.

O representante da UAW, Darius Sivin, também fez uma explanação sobre Segurança e Saúde envolvendo a empresa e o Sindicato, nos Estados Unidos. “Os trabalhadores têm experiência em primeira mão dos problemas e das soluções à medida que acontecem. Lá eles experimentam a solidariedade e seu próprio poder quando conquistam melhorias na saúde e segurança”, comentou.

Para Wagner da Silveira, Juca, secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Piracicaba e região, “O Encontro trouxe-nos muitas experiências e ficará marcado na história do Sindicalismo”, disse.

Participaram do evento delegações de Piracicaba, São Paulo, Catalão, Anápolis, Curitiba, São Caetano do Sul, Gravataí, Volta Redonda/Sul Fluminense, Sete Lagoas, São Caetano do Sul, Itumbiara, Goiás, Jundiaí, além da comitiva internacional dos Estados Unidos.

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