Terminaram ontem, sem interessados, os leilões judiciais de dois prédios industriais da Dedini, fornecedora de máquinas e equipamentos para a usinas sucroalcooleiras, colocadas à venda como parte do seu plano de recuperação judicial. A unidade de refratários, em Piracicaba, e a planta da Codistil, em Jaboatão dos Guararapes (PE) estavam avaliadas em R$ 70 milhões. O preço mínimo para arrematação era de 70% do valor de avaliação. Mesmo assim, às 14h, quando se encerrou o pregão on-line ninguém havia se disposto a pagar pelos imóveis.
O juiz Marcos Douglas Veloso Balbino da Silva, da 2ª Vara Cível de Piracicaba onde tramita o processo de recuperação do grupo, deve ser notificado nos próximos dias sobre o fracasso do procedimento. Ele deve comunicar os advogados da companhia para que se manifestem sobre a possibilidade de levar os bens novamente à leilão, desta vez com lances mínimos a partir de 50% do valor de avaliação.
Em caso de nova tentativa com eventual arrematação, todo o montante arrecadado será depositado na conta judicial sob administração da Deloitte Touche Tohmatsu Consultores — empresa nomeada como administradora judicial do grupo — para posterior liberação aos credores conforme os critérios previstos em lei.
A primeira hasta pública dos imóveis foi realizada pela internet, por meio do site www.superbidjudicial.com.br. Os lances começaram às 14h do dia 27 de novembro. Juntas, as páginas com os dois itens receberam nesse período pouco mais de 1,6 mil visitas.
Segundo o escritório de advocacia que defende a Dedini no processo, o objetivo das alienações era quitar os débitos trabalhistas. Ontem, o secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos de Piracicaba, Wagner da Silveira, demonstrou preocupação com a falta de um “plano B” por parte da empresa. Só em Piracicaba, cerca de 700 trabalhadores foram dispensados pelo grupo sem o pagamento de todas as verbas rescisórias.
“A venda era um dos postos fortes do plano e daria uma boa desafogada. Estávamos acompanhando pelo site e vimos que nos últimos dias não havia sido dado nenhum lance. Foi perguntado várias vezes o que seria feito se não conseguisse fechar a venda e não tivemos resposta”, afirmou. Ainda segundo o sindicalista, o grupo tem até fevereiro para quitar suas dívidas trabalhistas, sob pena de descumprir o plano de recuperação judicial. “Nós sabemos que está entrando serviço e que houve até novas contratações, mas estamos preocupados porque em fevereiro vence um ano da homologação do plano”, completou.
FONTE: Jornal de Piracicaba