Sindicalistas, gestores públicos (do município e do Estado) e representantes da Mondelez Brasil participaram, na manhã desta segunda-feira (5), de uma reunião para discutir o encerramento das operações da fábrica no município e a subsequente demissão de 600 funcionários em Piracicaba.
O discurso das autoridades e membros do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Piracicaba (Stiap) e da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação do Estado de São Paulo (Fetiasp) foi no sentido de convencer a multinacional a “abrir diálogo” e manter a unidade fabril (que é produtora de biscoitos) e os empregos na cidade. O encontro aconteceu na sede da Secretaria Municipal de Trabalho e Renda (Semtre).
Na última quinta-feira (1º), a empresa anunciou o encerramento das operações em duas plantas instaladas no Estado – em Piracicaba e em Bauru (SP). O total de desempregados, segundo a Companhia, é 1,4 mil, sendo 600 demitidos em Piracicaba e 800, em Bauru.
A Mondelez Brasil informa que decidiu “revisar seu processo de fabricação”, “intensificar e otimizar seu modelo de produção com foco em fábricas multicategorias” e que seus negócios estarão concentrados nas unidades de Curitiba e Vitória do Santo Antão (PE).
O prefeito Barjas Negri (PSDB) e o vice-prefeito, José Antônio de Godoy, participaram da reunião, assim como o secretário municipal de Trabalho e Renda, Evandro Evangelista, e o secretário estadual do Emprego e Relações do Trabalho, José Luiz Ribeiro. Entre os sindicalistas, estavam Fânio Luis Gomes, presidente do Stiap, e Antonio Vitor, presidente da Fetiasp, que representa 350 mil trabalhadores do setor. Pelo lado da multinacional, havia quatro representantes.
“Tentamos ouvir um pouco da empresa, mas também mostramos a nossa indignação por causa da forma como foi tudo foi feito”, declarou Ribeiro, fazendo menção à surpresa do anúncio. “Eles alegam que é uma decisão global, de adequação da multinacional, que não tem nada a ver com questão tributária, fiscal, trabalhista ou sindical”, acrescentou.
O secretário estadual do Emprego e Relações do Trabalho disse que pretende articular um encontro entre o diretor-global da Mondelez e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) “para buscar esse encaminhamento”. “E pedimos um prazo até 15 de maio, para que a gente continuasse conversando. Ou seja, foi um pedido para abrirem um diálogo com o governo do Estado de São Paulo, com a Federação (Fetiasp) e com o município até o dia 15 de maio. Propusemos até um diálogo com a corporação em Chicago, se for preciso”, disse Ribeiro.
“O pedido feito para eles é que protelassem um pouco (as demissões) para que houvesse tempo para o governador do Estado poder acessar o presidente mundial da empresa e tentar negociar”, declarou Fânio Luis Gomes, presidente do Stiap. Antonio Vitor, presidente da Fetiasp, se mostrou intrigado com a iminente mudança de estado da fábrica.
“Tenho certeza que o maior fornecedor da matéria-prima deles se concentra em São Paulo, estado que possui a maior malha viária do País, aeroportos e o maior porto de Exportação, o de Santos. E o maior centro consumidor deles é aqui. Então, é uma questão interna deles”, observou.
“Essa tentativa de marcar uma reunião com o governador é mais no sentido de darem uma satisfação, porque deixaram claro que a saída daqui não tema nada a ver com imposto, incentivo fiscal. É uma questão estratégica da empresa mesmo, de concentrar a produção em outras unidades”, disse o sindicalista.
O secretário municipal de Trabalho e Renda informou que uma equipe do Centro de Apoio ao Trabalhador (CAT) acompanhou a reunião. “Colocamos, inclusive, toda a nossa estrutura da secretaria para oferecer qualificação profissional desses trabalhadores como o serviço do CAT propriamente dito”, disse Evangelista.
FONTE: Gazeta de Piracicaba