A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) teve inúmeras consequências para o Brasil. Esse evento gerou sérias dificuldades ao comércio marítimo brasileiro e estimulou o desenvolvimento econômico em estados que antes da guerra importavam parte dos produtos que consumiam. Foi esse o caso do estado de São Paulo que em meio ao conflito bélico se tornou o maior produtor de açúcar do país. O intenso processo de industrialização e urbanização ocorrido no estado paulista entre 1930 e 1940, também propiciou um mercado consumidor cada vez mais amplo para a produção do açúcar e estimulou essa atividade, sobretudo nas cidades do interior.

Piracicaba que já era uma importante produtora de açúcar participou ativamente desse processo e conseguiu nessa época modernizar o seu parque açucareiro. O bom desempenho da cultura canavieira colaborou para a instalação de novas e para a ampliação das antigas indústrias mecânicas e metalúrgicas na cidade, isso porque grande parte desse setor produzia equipamentos para os engenhos e para as usinas da região.

Em meio a esse contexto histórico, muitos piracicabanos deixaram de trabalhar nas plantações de cana, nos pequenos roçados ou nas atividades autônomas e se tornaram operários nas novas indústrias metalúrgicas do município. A difícil realidade fabril, assim como a carestia de vida nessa época, levou um grupo de operários a se reunir e a criar a Associação dos Trabalhadores Metalúrgicos de Piracicaba. Essa organização, fundada em 1945, iniciou seus trabalhos oferecendo auxílio a um significativo e crescente número de trabalhadores.

Em 1946, a direção da associação solicitou ao Ministério do Trabalho a carta de registro que transformava a entidade em sindicato. A intenção era que essa mudança permitisse aos trabalhadores da categoria gozar de uma série de benefícios oferecidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), instituída em 1943. Em 1947 a solicitação foi aceita e com isso foi fundado o Sindicato dos Metalúrgicos de Piracicaba e Região.

O sindicato, durante os seus primeiros vinte anos, precisou lidar com as questões decorrentes do intenso processo de urbanização e industrialização de Piracicaba – como as precárias condições de trabalho dos metalúrgicos no interior das empresas e a difícil condição de vida nos bairros operários que se expandiam rapidamente pela cidade – ao mesmo tempo em que firmava sua estrutura.

Ao longo dos anos 1940 e 1950 os sindicalistas metalúrgicos conseguiram contratar os primeiros dentistas, médicos e advogados para atender os trabalhadores e também iniciar a construção do prédio no qual até hoje funciona a sede do sindicato – prédio erguido com a ajuda voluntária dos sócios e diretores. Além desses avanços, os metalúrgicos piracicabanos decretaram em 1964 sua primeira greve setorial conquistando com ela o reajuste do salário da categoria.

As rápidas transformações do Pós-Guerra foram realizadas a custa da exploração dos trabalhadores, que em Piracicaba agiram coletivamente e fundaram uma entidade com o objetivo de lutar por dignidade dentro e foras das fábricas. Essa luta, apesar das conquistas, nunca terminou e fez parte dos setenta anos que se seguiram…