Os salões de beleza tem ofertado cada vez mais formas para mudar a cara dos cabelo – desde a tintura até a escova progressiva. E esse é um hábito que está no gosto das brasileiras. Um exemplo disso é o fato de que 16% da população do nosso país nasce com madeixas crespas ou afro, mas só a minoria as mantêm assim. O resto alisa os fios.

Entretanto, ficar mudando a textura ou a cor do cabelo cobra um preço. Conheça, abaixo, os cinco procedimentos mais populares e dicas para realizá-los de forma segura:

1) Tintura

O processo para mudar de tom consiste em abrir a cutícula para alcançar o córtex, onde fica o pigmento dos fios. O que mais detona essas estruturas é quando se retira toda a tonalidade natural do cabelo para deixá-lo branco, pronto para receber a nova cor – a tal descoloração.

“Ela é feita quando se deseja algo muito diferente do original, como ir do escuro para o loiro”, explica Cibele Lima, doutora em ciências farmacêuticas na área de cabelos pela Universidade de São Paulo (USP).

Para atenuar riscos, o melhor seria mudar de tom sem descolorir, usar xampus tonalizantes (que não penetram no córtex) ou investir na hena. Não custa dizer que pintar os fiozinhos que se tornaram brancos naturalmente não é tão nocivo. “Só fica um pouco mais seco”, tranquiliza Leila Bloch, dermatologista de São Paulo. Em todo caso, a hidratação é aliada.

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2) Chapinha

Por causa da alta temperatura e do tempo de exposição, ela quebra a proteína e tira água de dentro do fio. No fim das contas, isso fragiliza demais as madeixas. De acordo com Cibele, estudiosa do tema, os cabelos finos, cacheados e tratados quimicamente estão entre os que mais estragam diante do aparelho.

Se for utilizá-lo, ela sugere chegar a uma temperatura máxima de 200 °C. “O cabelo se decompõe a aproximadamente 230 °C”, justifica. Além disso, é para deslizar a chapinha pelos fios devagar. “Se fizer rápido, você precisará passar mais vezes. Aí é pior”, raciocina. E não se esqueça do protetor térmico.

De qualquer forma, o uso diário é contraindicado. Uma vez por semana seria o limite. E olhe lá!

3) Secagem

Assim como a chapinha, o secador ocasiona dano térmico – só que em escala muito menor. “O pior é secar puxando os fios com escova e deixar o aparelho próximo do couro”, aponta Cibele. “Aí a transferência de calor é mais intensa”, ensina. A distância ideal da boca do aparelho em relação à cabeça gira em torno de 15 centímetros.

Embora seja impossível escapar de prejuízos, o secador tem lá seu lado mocinho. Ele é parceiro de quem enfrenta dermatite seborreica, por exemplo, e não pode ficar com o couro úmido um tempão. Sem contar que agiliza a secagem à noite, para não dormirmos com a cabeleira molhada. Só não opte pela temperatura mais alta, tá?

4) Alisamento

Está no páreo com a descoloração pelo título de pior procedimento para os fios. “Os dois causam a perda de camada de cutícula”, conta Leila. “Mas o que mais destrói é a combinação deles”, avisa a médica Tatiana Gabbi, da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

Se você já botou na cabeça que irá alisar, saiba que há diversos tipos de produtos para essa finalidade. O formol, sensação de tempos atrás, segue proibidíssimo, já que eleva o risco de câncer.

Dito isso, itens à base de uma substância chamada tioglicolato seriam, segundo Leila, os menos prejudiciais para quem descolore os fios. Não faz parte desse time? Então as chamadas escovas ácidas seriam menos nocivas.

Nessa hora, compensa investir em um profissional de confiança. Mas o ideal é não alisar mesmo. Cabelos tratados com alisamentos às vezes até ficam visualmente mais bonitos. Dentro dos fios, porém, os danos são nítidos e persistentes.

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5) Hidratação

Seja com máscaras, seja com ampolas, o conselho é hidratar a cabeleira sempre. Sobretudo em época de piscina e praia, e quando há hábito de se submeter a tratamentos térmicos e químicos. Afinal, tudo isso causa ressecamento, propiciando a quebra. A hidratação alivia a tragédia porque devolve água aos fios.

Você pode fazer por conta própria, mas preferencialmente com produtos específicos para isso – e não receitas caseiras. “Só recomendo ir ao salão para realizar a reposição de proteínas, porque há risco de endurecimento do cabelo”, diz Tatiana. “O profissional tem mais experiência para saber quanto o cabelo aguenta de queratina, por exemplo”, completa a expert.

De volta às origens

Em 2016, uma pesquisa do Google mostrou que a busca por temas ligados a fios cacheados superou, pela primeira vez, a pesquisa por cabelos lisos. Mais um sinal de que a transição capilar está em alta – ela consiste em abandonar alisamentos e assumir os cachos.

Para passar por essa fase numa boa, tem que ir a um salão legal. “E consultar o dermatologista para acelerar o crescimento do cabelo e evitar quebras”, orienta a dermato Katleen Conceição, referência em cuidados da pele negra, do Rio de Janeiro.

“Durante a transição, evite penteados com muita tração, como tranças, que quase arrancam os fios”, orienta a dermatologista Débora Cadore, de Florianópolis.

 

FONTE: Saude.Abril.com.br

FOTO: Leonard Mc Lane/Getty Images