Começará nesta terça-feira (17), em Piracicaba, um experimento pioneiro para reduzir a emissão dos Gases do Efeito Estufa (GEE) pelo Transporte Público e promover melhora na qualidade do ar do município. Seis linhas de ônibus passam a circular com 20% de biodiesel no diesel. Atualmente, a legislação permite o uso de 11% desse biocombustível (B11). O Projeto ‘B20 – Piracicaba no Caminho da Sustentabilidade’ terá duração de seis meses e é realizado pela Prefeitura, pela Faculdade de Tecnologia de Piracicaba (Fatec) e Via Ágil, Empresa Concessionária do Sistema de Transporte Público da cidade.
As linhas que terão veículos circulando com o B20 são: Sônia/Centro (240), Bessy/TCI (406), Perimetral (1.100), Algodoal (106), Parque 1º de Maio (219) e Novo Horizonte/TCI (322). Nas linhas Sônia/Centro e Novo Horizonte/TCI, além dos ônibus normais, os veículos articulados também participarão do Projeto Experimental nesses dois trajetos.
O estudo avaliará os aspectos econômicos, sustentáveis e ambientais, principalmente, o quanto a ação proporcionará de redução do CO2 (dióxido de carbono). A expectativa é que a redução de emissão do GEE proporcionada pelo uso do B20 seja de 30% a 40%, comparado ao B11.
“A quantidade exata da redução será comprovada com as análises realizadas durante o Projeto. O biodiesel não emite enxofre, então já temos uma redução inicial, mas todos os dados serão avaliados durante a realização de todos os testes”, afirmou a professora Gisele Bortoleto, coordenadora do curso de Biocombustíveis da Fatec.
Ela e mais uma equipe de docentes da Fatec (estatística, engenheiro mecânico, químico, engenheiro agrônomo) e de alunos (estagiários da graduação do Curso Técnico em Biocombustíveis) farão as análises do uso do B20 pelos ônibus.
 “Com os seis ônibus que passarão a rodar com o B20, outros seis ônibus iguais farão a mesma linha e eles usarão o combustível comum, ou seja, o B11. E, dessa forma, poderemos fazer todos os comparativos”, disse a professora.
Parceiros do Projeto vão ajudar nessa análise. O consumo será apurado pela Via Ágil, os filtros de combustíveis, pela Mann Filter, bicos injetores (Eletrodiesel), a Aroma forneceu os tanques de combustíveis e a Raízen vai fornecer o combustível com 20% de biodiesel.
Também apoia o Projeto a Dorothy Intermediações e Agenciamento.
Cidade pioneira
Com a realização do B20, Piracicaba será uma das poucas a fazer testes com mais biodiesel no diesel. “Em 2009, o Rio de Janeiro fez um estudo, mas a tecnologia dos veículos era outra, e não deu certo. São Paulo iniciou o Projeto ‘Ecofrota’, mas ele parou e não há informações. Brasília tem um projeto em andamento e vamos caminhar junto com eles, faremos os mesmos tipos de análises”, explicou Gisele.
Para o prefeito Barjas Negri (PSDB), Piracicaba é sempre pioneira nas questões ambientais. “A cidade contribui para fomentar iniciativas em todo o País e essa tentativa de melhorar a sustentabilidade da nossa cidade, com o Transporte Público, poderá dar certo e incentivar até mesmo uma Política Nacional”, afirmou.
Uso de 108 mil litros
A Raízen será a fornecedora do combustível com 20% a mais de biodiesel para a Via Ágil abastecer os seis veículos do Projeto ‘B20 – Piracicaba no Caminho da Sustentabilidade’. “Nossa projeção é que por mês, esses seis veículos irão consumir 18 mil litros desse diesel com B20. A mistura é realizada na nossa Base, em Paulínia (SP), e o combustível será armazenado em um tanque exclusivo para ele na Via Ágil. Nós já fazemos a composição do diesel com 11% de biodiesel e passaremos a utilizar 20% para o Projeto”, disse José Antônio Cardoso, diretor-comercial da Raízen.
Segundo ele, a empresa sempre investe em combustíveis mais sustentáveis e menos poluentes. “Temos, aqui em Piracicaba, a única fábrica no mundo em atividade que produz o etanol de segunda geração (2G – obtido do bagaço e palha da cana) e nossa expectativa com esse Projeto é que ele realmente contribua para reduzir a emissão de gases poluentes e que a frota possa usar uma quantidade maior de combustível limpo”, afirmou.
Medida essencial
No lançamento do Projeto, nesta segunda-feira, no Engenho Central, o secretário municipal de Trânsito e Transportes (Semuttran) Jorge Akira, apresentou dados que reforçam a necessidade de buscar alternativas mais sustentáveis para a Mobilidade Urbana. “Em 1999, no mês de agosto, a frota de veículos de Piracicaba era de 132 mil. Vinte anos depois, em agosto de 2019, são 320 mil veículos circulando na cidade. Um crescimento no período de 142%.
“Em 2014 criamos o Conselho de Mobilidade Urbana que discute ações de acessibilidade, segurança e o monitoramento e controle dos gases emitidos pelos veículos na cidade. Com esse Projeto, parte dessas emissões serão reduzidas”, disse. O secretário de Defesa do Meio Ambiente (Sedema), José Otávio Menten, ressaltou que Piracicaba lidera uma união, com parcerias, que vão melhorar a qualidade do ar e a qualidade de vida da população com essa iniciativa.
“Piracicaba é líder na destinação dos resíduos sólidos no país. É uma cidade sempre ousada nas questões ambientais e estamos dando mais um passo concreto para a sustentabilidade da cidade”, afirmou.
De acordo com informações da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), o CO2 é o gás proveniente da queima de combustíveis fósseis (carvão mineral, petróleo, gás-natural) e é responsável por por cerca de 60% do efeito-estufa. O biodiesel é produzido com óleo vegetal (algodão, soja, mamona).
FONTE: Gazeta de Piracicaba