Piracicaba entrou em estado de alerta segunda-feira (25/08) após a umidade relativa do ar atingir 14% na estação de medição da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz).
O estado de alerta é acionado quando a umidade está entre 12% a 20%. A expectativa é que esse índice melhore nos próximos dias, com a chegada de uma frente fria e chuva.
O clima seco pode ser comparado com o de deserto. O do Atacama, no Chile, tem umidade relativa do ar de 12%, já o Bechar, no Saara, registra índice de 14% em média.
Professor e meteorologista da Esalq, Fábio Marin atribuiu a baixa umidade a uma massa de ar seco que está sob a região e à elevação da temperatura, que chegou aos 33ºC no início da tarde de segunda-feira.
Ele ainda explicou que a qualidade do ar está ligada aos índices de umidade relativa e pessoas com doenças respiratórias tendem a sofrer mais.
“Neste período do ano é normal registramos pouco volume de chuva, com isso a qualidade do ar diminui, já que a chuva ajuda a limpar o ar. A ocorrência de queimadas também agrava a situação pois injeta mais material particulado (poeira) no ar e reduz ainda mais a umidade.”
A qualidade do ar, segundo a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), estava moderada segunda-feira, com índice de poluição em 75 por causa da concentração de ozônio (O3). A partir de 81 a qualidade do ar é considerada ruim.
“É uma situação que ocorre com frequência nesta época do ano, em que as condições meteorológicas, com longos períodos de estiagem e sem ventos não favorecem a dispersão de poluentes na atmosfera. A situação é registrada em boa parte das estações de monitoramento de qualidade do ar da Cetesb, em todo o Estado”, informou trecho de nota enviada pela assessoria de imprensa da companhia.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, 2.396 pacientes foram atendidos no fim de semana nas quatro UPAs (Unidade de Pronto Atendimento) da cidade, sendo 149 por cefaléia (dor de cabeça), 172 por dor de garganta e outros 186 pacientes por tosse.
Segundo o médico-pneumologista Murilo Angeli Piva, coordenador de medicina preventiva da Unimed, a parte respiratória é a mais afetada pelo tempo seco.
“A baixa umidade do ar causa desidratação das mucosas e as pessoas que tem asma ou enfisema pulmonar podem ter os sintomas agravados. Idosos são bastante afetados por terem menos água no organismo e as crianças também sofrem porque têm menos massa corporal e desidratam rapidamente.”
Para amenizar os sintomas, de acordo com o médico, as pessoas devem tomar um cuidado especial com hidratação, não praticar atividades físicas entre 10h e 16h, evitar aglomerações e usar soro fisiológico para evitar o ressecamento nas narinas e nos olhos.
“Umidificadores, toalhas úmidas e baldes d’água próximos ao local em que a pessoa costuma ficar também ajudam. O ar-condicionado deve ser evitado, já que refresca o ar, mas contribui para deixar o ambiente ainda mais seco”, disse Piva.